Quando eu me permito rabiscar
Começo pensando nisso: quando eu me permito ir, fazer, falar, eu sempre descubro algo novo. E então rabisco algo aqui dentro que ainda não tive a oportunidade de pôr para fora. Essa permissão, às vezes, nasce pela falta de um velho amigo para conversar por horas e horas da mais completa bobagem a uma dúvida existencial. Noutras me pego pensando nos caminhos que percorri para chegar onde estou agora. Mais cedo, enquanto dirigia, me peguei pensando no passado. Um odor me trouxe uma lembrança e vaguei com ela enquanto singrava as ruas do meu destino. Não eram os sete mares, apenas o velho conhecido caminho para a segurança do lar. Ainda pela manhã, ao sair do banho, me olhei no espelho com demorada calma. Notei que estou ficando com a barba mais branca. Uma mudança perceptível para mim, nota de rodapé para os incontáveis rostos que cruzo no dia-a-dia. E a mudança me agrada. Pela primeira vez em anos, uma mudança natural, não imposta por mim, mas uma mudança ao qual estou sujeito pelo temp...