Quando eu me permito rabiscar
Começo pensando nisso: quando eu me permito ir, fazer, falar, eu sempre descubro algo novo. E então rabisco algo aqui dentro que ainda não tive a oportunidade de pôr para fora. Essa permissão, às vezes, nasce pela falta de um velho amigo para conversar por horas e horas da mais completa bobagem a uma dúvida existencial. Noutras me pego pensando nos caminhos que percorri para chegar onde estou agora.
Mais cedo, enquanto dirigia, me peguei pensando no passado. Um odor me trouxe uma lembrança e vaguei com ela enquanto singrava as ruas do meu destino. Não eram os sete mares, apenas o velho conhecido caminho para a segurança do lar.
Ainda pela manhã, ao sair do banho, me olhei no espelho com demorada calma. Notei que estou ficando com a barba mais branca. Uma mudança perceptível para mim, nota de rodapé para os incontáveis rostos que cruzo no dia-a-dia. E a mudança me agrada. Pela primeira vez em anos, uma mudança natural, não imposta por mim, mas uma mudança ao qual estou sujeito pelo tempo, me agrada.
Não é a busca por reconhecimento, nem por um corpo mais belo que me atrai, também não me perco em divagações ou esperanças. Apenas aceito, me permito novos passos, novas metas. Largo antigos sonhos e certezas pelo caminho, e me permito escrever mais algumas linhas, não com palavras vazias, mas com o coração sincero, de que esse será um novo ano, mas depende de mim fazê-lo melhor, independente do que aconteça, apenas olhando para frente - e deixando para trás tudo aquilo que não me serve mais.
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