Diálogos
As conversas que tenho comigo mesmo
Provavelmente a melhor coisa, a que de fato acrescentou na minha vida, foram as conversas que comecei a ter comigo mesmo. O contraditório disso tudo? Foi tirando pensamentos da minha cabeça, e derramando palavras ao longo de folhas de papel, ou nas páginas desse blog, que acrescentei algo em minha vida. Eu tirei para acrescentar. O bom e velho, menos é mais.
Nesses dois últimos anos tive de tudo um pouco na minha vida. Crises, choros, momentos de empolgação, frustração, angústia, etc. Mas também teve alongamento matinal que evoluiu para uma prática de yoga constante e diária; meditação e respiração consciente por pelo menos 5 minutos ao dia e, tema dessa minha reflexão, meus textos para mim mesmo.
Quando comecei a estabelecer um diálogo comigo mesmo, um diálogo reto e necessário, descobri que estava vivendo ou comprando sonhos alheios, projetando futuros que não me vejo mais. É quase como olhar para uma paisagem e sentir que você não se encaixa naquele cenário.
Quando isso começou? Não sei. Acredito que cada dia que escrevo e me examino com sinceridade estou um passo mais perto dessa clareza que busquei durante anos. Uma clareza real de pensamentos e objetivos que me afasta de entrar em novas empreitadas que não me levavam a lugar nenhum. Anos sem pensar direito. Anos planejando e correndo atrás de algum projeto sem nunca me perguntar se aquilo era para mim.
Eu acordava e dormia com um vazio, uma sensação de que algo não estava no lugar. Às vezes eu culpava a falta de dinheiro, outras o cansaço do trabalho, ou por não ter feito isso ou aquilo no passado. Sonhava com soluções mágicas, ou pegar uma máquina do tempo e dar um pontapé na minha bunda 20 anos atrás. Nesse ponto não me enxergo muito diferente de tantas outras pessoas que conheço.
Parece que todos nós somos meio parecidos. Nossa sociedade tem que viver dentro de um certo molde. Quem não se encaixa, como eu a maior parte da vida, sofre. E como! Não nos perguntamos muito sobre certas coisas, não pensamos sobre valores impostos, não nos assumimos vulneráveis diante dessa ou aquela situação, aceitamos verdades prontas embaladas e servidas em bandejas de prata: a nova série, filme ou novela; o carro da moda; a nova modinha das redes sociais, ou a nova rede social; E por aí vai.
É sempre consumo, consumo e consumo. Não somos instruídos a refletir.
Muito menos estabelecer diálogos sinceros com a única pessoa que vai te acompanhar até o suspiro final: você mesmo.
Marcel
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