Aquele lugar
Eu tinha isso muito vivo em mim. Fazia parte do meu dia. Essa vontade de falar para os outros (amigos, conhecidos) o que eu faço, o que eu penso. Um livro novo? Lá ia eu correndo contar para alguém. Uma nova série? Lá estava eu no meio dos meus amigos contando o último episódio... Sempre com muita empolgação, e sempre na minha cabeça.
É disso que falo: todas essas conversas eram imaginadas. A empolgação que percorria minhas veias era me imaginar no meio das outras pessoas contando aquilo (o "novo") que eu estava experimentando no momento. Foram tantos episódios, que hoje não consigo lembrar de um único exemplo. Tantos e tantos anos conversando dentro da minha própria cabeça.
Hoje analiso da seguinte forma: aquele era um lugar comum das minhas emoções. Um lugar tão comum e confortável que identifico esse "espaço" como ocupação da minha ansiedade.
E ela (minha ansiedade) sabia muito bem como me levar para esse lugar, e lá eu me perdia em horas e mais horas em diálogos (monólogos) intermináveis sobre minha "novidade" e sobre mim mesmo. Era o meu palco privado, tão único, tão pessoal.
Alimentei muito disso em mim. Esse lugar de destaque para mim mesmo e minhas exclamações. Foram anos disso, hoje sequer sinto falta. Mas fico vigilante para não voltar a frequentar lugares que me fazem mal. Sejam reais, sejam dentro de mim.
E isso se aplica a tudo.
Marcel
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