A jornada interior - parte I


Acordei cedo.
Despertei do sono e me livrei da falta de vontade me espreguiçando um pouco mais. Abri os olhos e no escuro procurei a primeira luz amiga que poderia me guiar para fora do quarto, o celular.

Tomei um banho gelado.

Sai do banheiro ainda com pensamentos arrastados sobre minha cama, meu sono recém-negligenciado, a sensação de conforto de estar dormindo, embalado em sonhos que sequer me recordo mais.


Quando acordei pela manhã, decidi abrir as janelas do quarto.

Abrir as janelas para novas perspectivas, trocar os lençóis, refazer a cama. 

Trocar a cama de lugar e tirar o que mais não me parecesse confortável.

Quer fosse o travesseiro. Quer fosse o meu interior. 


Escolho um cômodo.

Varro o chão. 

Passo um pano limpo sobre muitas superfícies.

Algumas são meras lembranças, outras estão dentro de gavetas e armários.

São filmes de amizades, quadros de episódios pintados, retratos de momentos (bons) para carregar no bolso - daqueles que uma rápida olhada devolve o sorriso ao rosto.


Removo fora teias de aranha. 

Sinto que removi julgamentos e velhas crenças do meu interior. 

Teias que se acumulavam em mim, em algum canto mais escondido nas paredes do meu ser. 


Redescubro flores em muitas cores.

A gérbera ocupa um lugar de destaque no centro da mesa dos amores não correspondidos. Hoje parece menos flor e mais móvel.

Menos viva, mais recordação.


Contemplo o que comecei a fazer.

Continuo vasculhando, remexendo, revirando.

Tiro velhas coisas do lugar e me agrado da nova arrumação. 

Comecei com coisas pesadas.

Pesadas e que ocupavam um espaço grande.

Candidatas ao descarte necessário.


Uma tristeza me abate.

Olho para o relógio. Já é meia-noite?

Deixo a determinação escapar das minhas mãos.

Quem nunca quis com uma varinha de condão curar as próprias feridas?

...continua Marcel

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