Incômodos (2)

 Sobre as irritações de ontem



Parece brincadeira: me irritei novamente no trânsito.

Resultado: perna tremendo, descontrole, irritação comigo mesmo. 

Autoanálise: o que aconteceu ontem é resultado de 3 dias sem meditar por alguns minutos. O exercício consciente que faço de respiração é essencial para lidar com momentos como o de ontem.


Quando respiro conscientemente por alguns minutos todos os dias, eu consigo me colocar em contato comigo mesmo, e por tabela, não deixo pequenas irritações me tirarem do eixo. Sei que nesses pequenos descontroles eu retorno ao passado, um Marcel do passado que não me agrada nem um pouco. Um Marcel do passado que quero deixar mais e mais distante de mim mesmo.


Mas ainda existe muito desse passado dentro de mim…


Após anos e anos, agora me sinto mais lúcido para perceber o quanto isso só me atrasou e me levou à lugares dos quais eu não tenho vontade nenhuma de voltar. É mais do que hora de seguir em frente.


E esse é o sentimento que me move há um bom tempo. Passei anos rodando em círculos em torno das minhas paixões mundanas. Sempre me alimentando mais do mesmo, e esperando resultados diferentes. Pela primeira vez em anos eu pude me observar de fora para dentro e perceber que tudo que estava ao meu redor era reflexo das minhas ações, e tudo aquilo que me incomodava, retrato das minhas omissões, minha preguiça, minha raiva mal resolvida, dos meus problemas procrastinados.


Enfim, é hora de remexer os meus incômodos e tirá-los um a um de dentro de mim. Hora de olhar para cada um deles com atenção e colocar cada coisa no seu devido lugar. Já basta o tempo de guardar raivas e frustrações e carregá-las para todo lugar. Essas e tantas outras coisas desnecessárias dentro da minha cabeça. E também de voltar a meditar e dedicar um tempo real ao necessário. 


A minha diversão, minhas horas de lazer, meus momentos comigo mesmo, sempre vou ter tempo na agenda para eles, desde que eu lembre que é importante estar em contato comigo, me examinar e trocar uma ideia sincera sobre o que sinto, como me sinto e o porquê de estar ou não tomando determinadas atitudes.


E que um carro dirigido por alguém apressado não me tire dos eixos. E que eu deixe esse apressado se afastar com seus demônios. Eu já tenho muita coisa dentro de mim para cuidar. Não tenho pressa, nem vontade de correr mais com o relógio, tudo que preciso é de, apenas, paciência e um olhar sincero, dedicado ao que importa.



Marcel


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