Experiência Humana

Cruzei com algo interessante pregado na coluna próximo à entrada do meu prédio. Foi um rápido desviar de olhar, e aquele colorido grudou na minha atenção. Tracei nova rota e meus pés saíram do caminho planejado para ler aquele cartaz com um QRCode enorme e os dizeres "Experiência Humana". Explicando melhor: uma pessoa dedicou um perfil no instagram para reflexões sobre a sua experiência humana e reflexões.

Então não estou sozinho, afinal...

A minha jornada que se iniciou no nascimento é finita, e sem data de término conhecida. Enquanto estou aqui, cabe a mim preencher as páginas do meu livro pessoal, não com letras bonitas, mas com palavras verdadeiras e sentimentos reais - e ai daquele que não preencher sua existência com a realidade.

Minhas impressões ficarão gravadas não nas calçadas ou pedras à beira mar, muito menos em um blog, mas sim nos quatro cantos do meu ser. Minhas expectativas, frustradas ou não, preenchem as janelas da existência, e cabe a mim, mais um vez, descortinar ou mudar os vitrais para enxergar o que de real há, e aquilo que se esconde. Minhas decepções ficarão em cartas manuscritas guardadas em alguma gaveta da memória. Meus risos, já ocuparam os porta-retratos de alguma sala. E meus choros, emolduraram recordações e salgaram com lágrimas travesseiros que somente eu fui testemunha.

Eu quero a experiência humana real, o viver com sabor, e todo dia assim desfrutar. Sentir os cheiros, os gostos. Tocar, sentir, permitir. Estar em contato permanente com o meu interior enquanto o exterior passa cada vez mais rápido pelas janelas da alma.

E algumas pessoas, os estranhos, os sonhadores e os solitários como eu, acreditam que há valor em dedicar alguns minutos da breve existência banal para compartilhar o que vê, e com algumas lentes, essa realidade mundana. Real e necessária. Assim como o amanhecer de um novo dia.

Os meus desejos de um feliz ano novo.


Marcel

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