Essencial

Essa talvez seja a parte 2 do meu texto Diálogos.



Pois, sim, diálogos pessoais são importantes. E muito do que escrevi naquela data ainda reverbera ao longo dos dias nas minhas ações, escolhas e principalmente nas minhas conclusões. Diálogos, frutos de muitas reflexões.


Antes preciso recordar um episódio. Semana passada, um hábito que aos poucos me vi fazendo, recomendei a leitura de dois textos aqui do blog para minha colega de trabalho, Mariângela*. Percebo que no fundo eu tenho algum orgulho do que escrevo. Ou talvez, não seja exatamente isso, e sim o que é de fato: eu não sinto vergonha do que escrevo, eu não sinto vergonha em expor minhas observações do mundo e de mim mesmo. Minhas perspectivas.


Das coisas que escrevo, os episódios que reconto, há um limite confortável que eu respeito. Procuro não ser muito pessoal com os terceiros. Vez ou outra algum amigo é citado, porém me reservo o direito de não colocar seus nomes, pelo menos não os verdadeiros. E no dia em que aquele texto é publicado, recontando os episódios, os mesmos são avisados. 


Até hoje funcionou muito bem.


Voltando ao ponto. O que me trouxe até aqui foram as rápidas palavras que Mari me dirigiu após sua leitura do meu texto Diálogos. Ela conseguiu enxergar naquelas palavras muito do que ela tem se apropriado. Sendo mais claro, Mari, em 2023, está se questionando sobre o quê de fato precisa ou não na própria vida. E essa é a importância do diálogo real e verdadeiro consigo mesmo.


É somente se questionando, examinando, que descobrimos de fato o que ansiamos, buscamos, queremos. As fotos da última viagem, o vídeo no stories, a dancinha no TikTok, o e-mail te oferecendo desconto, frete grátis, o anúncio que polui a tela enquanto você tenta ler um texto no navegador. Sempre somos empurrados para esse mundo. Esse mundo onde tudo é fantástico e excitante: o mundo do mais. E quanto mais você consumir, mais lhe será ofertado. O consumo irracional é inimigo da reflexão: “O que é essencial para a minha vida?”


E assim retornamos aos Diálogos. Estabelecer diálogos não é uma metáfora. Eu já expus algumas analogias que acho pertinentes. Dialogar é colocar para fora, é por em palavras aquilo que está sem destino vagando dentro de si. E somente dando sentido a esses pensamentos soltos, conectando os fios, que nos perguntamos e respondemos para nós mesmos o que de fato necessitamos. E que, certamente, é bem além e mais valioso daquilo que a sociedade nos oferece.



Marcel

*nome trocado a revelia

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