Louça
Abraçando a rotina
Minha rotina diária é absurdamente simples. E quem me acompanha mais de perto sabe disso. Meu dia se resume a cuidar de mim pela manhã (assunto para uma próxima reflexão), trabalhar, descansar alguns minutos após o almoço, e depois cuidar de algum afazer da tarde.
Nesse meio tempo avanço algumas páginas do livro que estou lendo no momento, exercito meu francês capenga no duolingo e me programo para a noite. Antes de dormir: assistir algum documentário ou episódio de uma série que me interessa. Nada absurdo. É o mais banal dos mundos. O mais trivial dos dias.
Além de escrever, coisa que já comentei na última reflexão, uma "paixão" por assim dizer na minha vida é ver a louça limpa.
Isso mesmo: eu adoro lavar louça.
Sei que não é o assunto número um entre os homens da minha geração, e arrisco dizer de nenhuma geração, muito menos agora em tempo dessa epidemia red pill com machos alfa, exibição de força a torto e a direito nas redes sociais e tantas coisas fúteis que permeiam o mundo das redes sociais (que também não é assunto nesse momento).Lavar a louça foi ao longo dos anos passando de atividade que eu odiava fazer para algo que sinto falta quando, ou se, não faço. Aliás, eu até me irrito quando descubro que lavaram a louça no meu lugar. Lavar a louça virou o momento perfeito para colocar meus fones de ouvido e entrar no meu mundinho. Foi lavando a louça que escutei repetidas vezes o álbum do Zeca Pagodinho Acústico, diversos podcasts, documentários, entrevistas, reportagens e um mundo infindável de conteúdo disponível nas plataformas como spotify, youtube, etc.
Ah! E se você tem uma louça pra lavar e tá precisando de uma motivação, recomendo ajeitar o celular nem um cantinho perto da sua pia e curtir aquele show, aquela live do seu streamer favorito. O Eric (do canal Cosmic Effect) já me acompanhou em várias louças de domingo. Abençoada internet. Afinal, se uma tarefa é importante e vai custar tempo, por que não fazer isso escutando algo agradável?
É claro que essa minha opinião/confissão já foi alvo de piada e estranheza entre meus amigos e conhecidos. Muitos não entendem o porquê da minha disposição em amarrar um avental ao corpo (para não molhar minha roupa) e passar até uma hora em frente a pia da cozinha.
Já até ouvi comentários do tipo "Isso não é coisa de homem!" ou algo como, "No meu tempo homem não fazia isso!" É mesmo? Que bom, eu penso. Os poucos valores que aprendi sobre o que é ser homem no passado da minha infância estão no fundo de uma lata de lixo. Não a toa eu sempre torço o nariz mentalmente quando alguém fala algo do tipo "antigamente que era bom". E eu penso comigo, "não, não era bom. Eu tinha que ser um grosso, pegar toda mulher, não procurar me envolver, o importante é ter muito dinheiro, homem não chora, etc..."
Já refleti muito sobre isso. E já nem me incomodo com quem não entende sobre o quanto eu curto lavar uma louça. Aliás, tem uma montanha de pratos me esperando ali. Checando instrumentos. Fone de ouvido? Carregado. Episódio do podcast? No ponto. Nada como um bom trabalho manual para satisfazer a alma ao som de uma conversa descontraída com muitas risadas.
Marcel
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