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Mostrando postagens de setembro, 2024

Eu era assim

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Hoje a bagunça do quarto me irritou. Cadernos fora do lugar, a arrumação da mesa confusa. Remédios, canetas, fones de ouvido, exames médicos que deveriam estar dentro de uma pasta para utilizar na próxima declaração do imposto de renda. Enfim, um caos. Até mesmo ligar o notebook foi um desafio, eu não encontrava o carregador. Parte da culpa por essa desorganização, eu assumo. Sim, há um pouco de desleixo pessoal em permitir que as coisas estejam do jeito que estão. Eu sou bem organizado a maior parte do meu tempo. Porém permito, de forma inconsciente, que os outros façam alterações no meu ambiente. Tirando uma coisa aqui, outra ali. E quando percebo, há muito do que nunca remexi por todos os lados. Essa política da boa vizinhança cobra um preço. Nem sempre fui assim. Aliás, eu não era assim. Lembro que durante minha adolescência-começo da vida adulta eu procurei ter uma organização melhor dos meus afazeres. Minhas tarefas, atividades, tinham hora para começar e terminar. Cada coisa, o ...

O calor da paixões

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Não lembro a última vez que identifiquei as causas reais de uma emoção repentina. Seria a falta de um espelho melhor? Ou de uma lente mais apurada?  O sentimento familiar veio. Foi quase uma erupção. De repente todo aquele sentimento explodiu no meu peito e se manifestou por todos os poros do meu corpo. Até meus olhos, senti, mais injetados. O sangue, fervendo nas veias. Euforia, raiva, orgulho. Olhar belicoso, o suco gástrico percorrendo meu interior, a boca salivando. Uma adrenalina que me coloca em estado de alerta. Mas não há perigos no horizonte, nem mesmo uma única nuvem negra que eu possa imputar suspeita. A tempestade que se avizinha é dentro de mim. Emoções alheias as vezes são mais fáceis de decifrar do que as próprias. Consigo tão bem quanto qualquer um identificar desgosto, felicidade, agonia, frustração, alegria, dor de barriga ou um sorriso amarelado (de educação?) de alguém que não me quer presente ali.  Não pise no meu calo, não me feche no cruzamento, não bata...

A certeza dos dias que virão

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@fabiospontes.bsky.social Sempre começa com alguma piada. A imagem de um churrasco, uma cerveja, alguma comilança. Os amigos postam fotos juntos. Promessa, piscina, pagode, pipoca, pet, pantufa, passeio, pedal, praia, pé na estrada, igarapé. Outros fazem analogias com relógios e o tempo que falta, ou sobre como não suportam mais trabalhar nessa semana que parece não ter fim. Para alguns o #sextou começa no sábado, para outros mais afortunados, na quinta - e há ainda aqueles que enforcam antes disso.  O #sextou é um sentimento, uma brincadeira, um grito de libertação. A catarse, o meme, o apelo cômico para o descanso. Uma desculpa, um movimento, um selo de aprovação social. Estranho é quem não participa dessa epidemia, desse propagar por meio das redes que você é "mais um". Um merecedor, um guerreiro, um lutador que superou o julgo do trabalho semanal e conquistou seu lugar ao sol para mais um sábado seguido de um domingo glorioso. Aos meus olhos, tudo sempre me pareceu estr...

O primeiro passo

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Olho para dentro de mim e entendo que fazer aquilo que me coloca nos eixos (aquilo que me faz bem) é importante. É essencial. É também um exercício de não permitir que as vozes e sentimentos que sempre me derrotaram, tomem conta de mim mais uma vez, mais um dia, mais uma manhã. Travo essa luta particular todo dia. E é no amanhecer de cada dia que derroto essas vozes.  E sei também o quanto me sinto bem após completar pequenas tarefas, minhas pequenas realizações diárias. Estou me percebendo - e esse é primeiro passo do amor próprio. Marcel

A coragem de não agradar (2)

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Por que é preciso ser especial? Provavelmente porque a pessoa não consegue aceitar seu eu normal. E é por isso que, quando fica impossível ser especialmente bom, o indivíduo dá um salto enorme e se torna especialmente mau – o exato oposto. Mas será que ser normal, ser comum, é tão ruim assim? É algo inferior? Será que, na verdade, não somos todos normais? É preciso refletir sobre isso até chegar a uma conclusão lógica

Reflexões do Cotidiano #9

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  Ele, o tempo, vai ser sempre o seu melhor presente pois é o único recurso que você não tem como reaver. Dinheiro, você ganha e perde. Saúde se recupera. A fé se renova. A esperança renasce. Mas o tempo... esse não volta mais

O Tempo e o Momento

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Em uma sociedade em que tudo é cada dia mais rápido, o contemplar da vida é fútil; pensar desnecessário; e refletir "uma perda de tempo". A minha vida, até esse ponto que escrevo, foi um eterno isso: preciso ganhar tempo. E isso, me perseguiu por onde quer que eu caminhasse como uma sombra incômoda. Em algum momento, assumi que ser assim, um apressado, às vezes fazendo duas ou três coisas ao mesmo tempo, me tornaria uma pessoa melhor aceita ou mais respeitado na sociedade e seus muitos relógios, seus múltiplos compromissos. Ledo engano. E tudo isso sempre me pareceu tão estranho, essa urgência em ganhar tempo, pressa nas ações cotidianas, uma rapidez nos afazeres... E no fim do dia, o mesmo vazio de sempre, o mesmo sentimento de inutilidade. Cruzei distâncias, corri afoito, me espremi para caber no relógio para... para quê mesmo, se a única coisa que sinto é a saudade desse tempo? Desse presente. Desse tempo que não volta mais... Marcel