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Mostrando postagens de julho, 2024

Pensamentos soltos em frases amarradas (7)

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Além das emoções rasas Percepções não são planas como uma folha de papel São profundas Criam raízes, conduzem memórias Permitem explorar sentimentos Mergulhar em lembranças São as responsáveis por um olhar demorado sobre a realidade presente Marcel

Eu e minhas idas e vindas

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Mais um dia dirigindo na minha cidade natal. Mais idas e vindas nessas ruas, e seus buracos, que conheço como o caminho da cama ao banheiro em uma visita noturna - e sem precisar abrir os olhos. Mais um semáforo. Mais uma espera. Em cada condutor um sentimento de urgência. Há pressa para deixar os filhos na escola, para chegar ao trabalho ou outro destino. Buzinas, motoristas acelerando impacientes, pedestres pacientes esperando a vez de atravessar a via. Espaço disputado centímetro a centímetro. Três motoqueiros para cada carro. Dois ladeiam o meu carro e mais um fica posicionado atrás se decidindo por qual lado irá me ultrapassar. Uma arrumada no vidro retrovisor. Um quarto motoqueiro brota na esquerda e se posiciona à frente do carro com outros dois. Um olha para o outro e sincronizadamente todos levantam suas viseiras. Começa a se desenrolar um papo animado. Não consigo ouvir. Um deles está com a blusa do Vasco e carrega uma mochila de entregador. O outro está fardado para o trabal...

Reflexões do Cotidiano #7

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A ostentação, tão comum em nossa "cultura social"- e em todas as classes -, me parece fragilidade de ego, insegurança em seu valor pessoal e uma estupidez social. Se pretende "ser respeitado" e se atrai a simpatia dos interesseiros, o olhar de cobiça, a inveja dos frustrados. O valor de cada um está em seu caráter, sua sensibilidade, seu senso de justiça, sua capacidade de compreensão, seu corpo abstrato, sua alma, sua espiritualidade. A transferência de valor pra fora, pra aparência e ostentação, costuma ser um sinal de precariedade interna, de superficialidade mental, de enquadramento nos valores induzidos pelo sistema social, pela própria sociedade. É o domínio da mentalidade "de mercado", induzida pelo modelo de ensino, pelo controle da cultura, das informações, das comunicações - a partir do aparato de administração pública infiltrada, pressionada e controlada pelas forças econômicas de um punhado que se esconde no tal "mercado". Eduardo Mar...

Emoções encarceradas

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Escrever e Escrever Sobre o tudo Sobre o nada Sobre os dias E o que mais me incomoda ao cair da noite Sobre a vida Sobre a sorte Sobre prazeres simples E o que mais não quero complicar Esse é um bom plano É o único que eu tenho E vou me agarrar a ele como se fosse minha tábua de salvação O último vagão para a lucidez Ou uma chance de não cair nas garras da loucura e do desespero E tirar do peito essas emoções encarceradas Marcel

O soco

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Todo mundo planeja algo. Natural. Não estou aqui para discorrer sobre os grandes planos para a humanidade como a ida a marte ou fim da fome do mundo. Estou falando sobre algo mais raso e palpável: o ato de planejar os próximos passos, as próximas atitudes a serem tomadas. Alguns objetivos são práticos: se arrumar para o trabalho, terminar a leitura de um livro, estudar para a realização de uma prova. Tudo envolve um mínimo de planejamento, seguido de execução. Mas o que ninguém te conta é que os planos mudam, assim como nós mesmos, pois os eventos se tornam imprevisíveis ao passo que caminhamos rumo a um objetivo. Se adaptar é tão necessário para o ser humano como é para um animal a busca por um novo rio ou lago para saciar a sede. E por mais que extensos planos sejam elaborados, escritos nos mínimos detalhes, os imprevistos estão aqui e ali, à espreita. E lidar com cada um deles é parte da recompensa, que dá sabor às realizações, sejam pequenas ou grandes. Tomando emprestadas as palav...

Mário Quintana #5

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Dos defeitos e das qualidades Diz o Elefante às Rãs que em torno dele saltam "Mais compostura! Ó Céus! Que piruetas incríveis!" Pois são sempre, nos outros, desprezíveis As qualidades que nos faltam....

Fios Brancos

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Percebi dois novos fios brancos na minha barba. Dois. Estou bastante contente comigo mesmo por conseguir somar algo à minha vida. Mais ainda se tratando de matéria capilar. Há alguns fios (brancos, claro) que despontam nos meus braços - e em outras partes do corpo que por questões de caráter não me permitem expor mais da minha intimidade obstinadamente preservada. E a cabeça, bom, essa eu me ponho a analisar com calma contida. Eles estão aparecendo, aqui e ali. A fatura dos anos vividos refletindo mais claro nas laterais da minha cabeça. Assemelham-se, como direi, a soma de pequenas dívidas. Aos poucos e em pequenas porções. Quem já tomou um susto com o cartão de crédito sabe muito bem ao que me refiro. Acima da testa há um fio bem longo, e rebelde. Vou chamá-lo de Abelardo. Abelardo merece nome e parágrafo próprios. Há em Abelardo algo daquilo que já fui: um desajeitado no meio da multidão homogênea. Ele desponta branco e mais fino que seus companheiros de cor mais escura por sobre mi...

Brilhante como um monte de ouro

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Acordei no meio de um susto. Não lembro o quê me tirou do meu repouso. Me percebi com muita raiva. Me sentindo injustiçado, prejudicado, tratado com ódio. Me sentindo mal por um mundo que me tratou e me trata mal. Sim, o mundo me trata mal. Não espero outra moeda. E assim eu despertei desse devaneio... Somos nós que de forma consciente que temos que nos tornar mais humanos e promover uma mudança no mundo. Agir, sem esperar receber nada em troca, sem prêmios ou reconhecimentos. Agir e ser humano. Agir com o sentimento, se importando com a dor dos outros e vendo no outro um pouco de si. Agir sem esperar palco ou aplauso. É assim que vamos produzir uma verdadeira mudança no mundo. Uma mudança real que promova para todos. Participar de uma mudança social, onde cada um possa deitar com tranquilidade a cabeça no travesseiro em paz, sabendo que fez diferença no mundo. Diferença em um mundo que te ensina a ser indiferente e desumano. Um mundo onde nossos ídolos são campeões, egoístas, milionár...