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Mostrando postagens de novembro, 2024

Cartas de amor não correspondido (2)

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Do vazio que restou Algumas palavras que guardei comigo Respostas que nunca me permiti Nem mais somos amigos. As recordações permanecem Jogadas no sofá, na poeira, nos cantos Perdidas entre livros na estante Na sujeira, invadindo, sufocantes. Nas paredes, quadros Pinturas, vasos Olhares Livros em prateleiras Em um caderno, meditações Pesares. O vazio que ficou As lembranças que se perdem Os momentos que insisto em não esquecer É estranho aqui dentro sem você. Marcel

Pequeno Mapa do Tempo - Belchior

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Eu tenho medo e medo está por fora O medo anda por dentro do teu coração Eu tenho medo de que chegue a hora Em que eu precise entrar no avião Eu tenho medo de abrir a porta Que dá pro sertão da minha solidão Apertar o botão, cidade morta Placa torta indicando a contramão Faca de ponta e meu punhal que corta E o fantasma escondido no porão Faca de ponta e meu punhal que corta E o fantasma escondido no porão Medo... Medo... Medo, medo, medo Medo... Eu tenho medo que Belo Horizonte Eu tenho medo de Minas Gerais Eu tenho medo que Natal, Vitória Eu tenho medo Goiânia - Goiás Eu tenho medo Salvador - Bahia Eu tenho medo Belém, Belém do Pará Eu tenho medo Pai, Filho, Espírito Santo, São Paulo Eu tenho medo eu tenho C eu digo A Eu tenho medo um Rio, um Porto Alegre, um Recife Eu tenho medo Paraíba, medo Paranapá Eu tenho medo estrela do norte, paixão, morte é certeza Medo Fortaleza, medo Ceará Eu tenho medo estrela do norte, paixão, morte é certeza Medo Fortaleza, medo Ceará Medo... Medo... Me...

O Sonho do Rogério

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Lembrei de um sonho. E não, não era um sonho meu. Lembrei do sonho de um amigo meu. O nome dele é Rogério. Rogério é um desses caras que a gente conhece na graduação e de cara sente muita afinidade. Éramos novos e eu curtia muito conversar com ele. Rogério era um cara muito falante e por ter vindo de uma cidade grande, comentava o quanto achava irônico (engraçado) ver em uma capital do estado (moro em Rio Branco - Acre) pessoas criando porcos, galinhas, patos, marrecos. Coisa que ele só via no interior do seu estado natal. Lembrei do sonho que ele compartilhou comigo e com muitas pessoas próximas. O sonho de fazer um jogo de videogame. E não eram apenas palavras, Rogério tinha cadernos e mapas inteiros desenhados. O sonho dele era muito vivo. Ele respirava esse sonho. Lembro de vê-lo várias vezes no laboratório programando e se debruçando sobre manuais e livros. Um belo dia, não o vi mais. Rogério foi embora. Voltou para sua terra, lembro de alguém comentar. Como sou avesso a redes soc...

Reflexões do Cotidiano #10

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E uma sociedade cheias de privilégios e oportunidades desiguais, mas que diz recompensar o desempenho e os méritos individuais, dá para entender o apelo que tem essa possibilidade de se  medicar para conseguir estudar mais, aprender mais, trabalhar mais, render mais ou conseguir aproveitar melhor o tempo e ganhar mais dinheiro... Atila Iamarino assista:  Doping Mental no Youtube

Nem mais

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Hoje, em um gesto de caridade espontânea, comprei um pacote de bolachas para um pedinte na porta do mercado. Uma mulher, desdentada, roupa suja, maltratada pelo tempo e pela sociedade, me disse (implorou) que estava com fome e me pediu para lhe comprar um ovo. Negociei com ela um pacote de bolachas água e sal e ela ficou satisfeita. Assim que sai do mercado a encontrei e ela falou duas coisas, obrigado e “Deus lhe dê em dobro”. Eu sempre que escuto isso fico com um misto de emoções dentro de mim. Talvez eu  não saiba o que responder e, no fundo, algumas coisas não precisam ser respondidas. Precisei retornar para casa enquanto refletia no caminho. Nada é mais infantil e bobo do que desejar mais. Mais livros lidos, mais horas no relógio, mais isso, mais aquilo. Não necessito de mais nada. E o pouco que tenho, pode ser metade para alguns, não desejo em dobro. Pra mim basta, é suficiente. E não me sinto mal por desejar mais, percebo várias vezes ao longo do dia pensar em algo nesse sen...

Escrever (4)

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É ter o mundo, na palma das mãos É olhar e (se) enxergar (o) comum Se enxergar parte de um todo. É beber de uma fonte inesgotável Romper barreiras Transpor represas, desaguar em rios Alcançar o mar. É olhar para fora, de dentro Entrar. É se descobrir infinito  É se descobrir imparável É sobre estar, ser e permitir Escrever Marcel

Divina Comédia Humana - Belchior

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Estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol Quando você entrou em mim como um sol no quintal Aí um analista, amigo meu, disse que desse jeito não vou ser feliz direito Porque o amor é uma coisa mais profunda que um encontro casual Aí um analista, amigo meu, disse que desse jeito não vou viver satisfeito Porque o amor é uma coisa mais profunda que uma transa sensual Deixando a profundidade de lado Eu quero é ficar colado à pele dela noite e dia Fazendo tudo e de novo dizendo sim à paixão, morando na filosofia Deixando a profundidade de lado Eu quero é ficar colado à pele dela noite e dia Fazendo tudo e de novo dizendo sim à paixão, morando na filosofia Eu quero gozar no seu céu, pode ser no seu inferno Viver a divina comédia humana onde nada é eterno Eu quero gozar no seu céu, pode ser no seu inferno Viver a divina comédia humana onde nada é eterno Ora direis, ouvir estrelas, certo perdeste o senso E eu vos direi, no entanto Enquanto houver espaço, corpo, tempo e algum modo de ...