Derramar Palavras

Diário Pessoal - 07 de março de 2023 (*e adaptações) Um dia, já fazem alguns anos, eu estava numa cama de hospital após uma cirurgia bastante complicada. Confuso, fraco, pensando no que errei. Arrependido de tanta coisa. Arrependido das minhas omissões, minha falta de escolhas, minhas fugas da realidade. Não quero mais conviver comigo mesmo carregando esses sentimentos. Aqueles dias ruins no hospital (e minha recuperação depois) ficaram para trás e é lá que esses sentimentos ruins e arrependimentos vão ficar. Eu já tive muito tempo de vida para olhar para dentro de mim e entender o que eu não quero carregar comigo (ressentimentos, pensamentos negativos sobre mim mesmo, etc). Eu ainda tenho uma longa estrada nessa vida.  Não quero eternamente me martirizar por não ter conquistado antes dos 40 anos o salário que imaginei para mim, ou que eu não vá alcançar outras conquistas - tão importantes quanto as financeiras e até mais. Não quero que o resumo da minha vida seja a eterna busc...

  Sobre as irritações de ontem Parece brincadeira: me irritei novamente no trânsito. Resultado: perna tremendo, descontrole, irritação comigo mesmo.  Autoanálise: o que aconteceu ontem é resultado de 3 dias sem meditar por alguns minutos. O exercício consciente que faço de respiração é essencial para lidar com momentos como o de ontem. Quando respiro conscientemente por alguns minutos todos os dias, eu consigo me colocar em contato comigo mesmo, e por tabela, não deixo pequenas irritações me tirarem do eixo. Sei que nesses pequenos descontroles eu retorno ao passado, um Marcel do passado que não me agrada nem um pouco. Um Marcel do passado que quero deixar mais e mais distante de mim mesmo. Mas ainda existe muito desse passado dentro de mim… Após anos e anos, agora me sinto mais lúcido para perceber o quanto isso só me atrasou e me levou à lugares dos quais eu não tenho vontade nenhuma de voltar. É mais do que hora de seguir em frente. E esse é o sentimento que me move há um b...

Demorou anos para eu aprender que contar aquilo que se quer fazer, que se pretende fazer, é como espalhar energia. Algo se perde assim que se conta, ou logo após. A empolgação some, desvanece. Depois as próprias forças se vão. No fim do dia não sobre nada, nem energia. Ou talvez, apenas o arrependimento de ter contado... Marcel  

 

Do amoroso esquecimento Eu, agora - que desfecho!  Já nem penso mais em ti...  Mas será que nunca deixo  De lembrar que te esqueci

Rascunhos - 24 de agosto de 2023 Uma página em branco pode ser bastante assustadora. Às vezes me pego olhando para uma e temo. Mas afinal, qual é o meu medo? Já que escrever me dá tanto prazer, o que tenho a temer? Conversar comigo me assusta? Não, eu sei que não. Pretendo conversar comigo pelo resto da minha vida. Eu sei que escrever não é uma ferramenta para não ficar só. Mas talvez seja a melhor que encontrei, até hoje, para me encontrar e expulsar pensamentos mal resolvidos de mim. Então eu concluo que a página em branco não me assusta. O que me assusta é a ideia de deixá-la assim com um mundo de palavras esperando, no seu tempo, brotar da ponta da caneta. Marcel