Derramar Palavras

Um grande caderno de páginas viradas A grande vantagem de escrever em uma folha de papel é que ela é uma amiga (uma ótima amiga) que não vai te julgar, ou contar teus segredos aos quatro ventos. Espero também ser um ótimo amigo e usar de sinceridade em cada trecho, palavra ou oportunidade que tiver de escrever. Foi escrevendo em folhas de papel, aqui no blog de improviso, ou no meu caderno pessoal que alcancei muita clareza sobre: rumos a tomar na minha vida, eventos no passado que aprendi a me perdoar, pensamentos e emoções que me torturavam por anos. Isso tudo eu identifiquei escrevendo. Escrevendo para mim mesmo. Escrevendo e escrevendo eu aprendi a colocar meus pensamentos no papel. A caneta deu voz a cada pensamento vago do meu cérebro e transformou em palavras. E assim, palavras desencontradas viraram as primeiras linhas, as linhas viraram páginas, páginas que preenchem um caderno. Um caderno de páginas viradas. Nossa! Quanta coisa (inútil) eu tirei da minha cabeça... E quantas m...

Precoce Falava eu com meu amigo BARBA sobre minha 'recém-adquirida barba': o quanto ela mudou não só meu rosto como a percepção e a atitude de algumas pessoas próximas a mim. A conversa foi bem animada e até enviei um vídeo mostrando meu rosto e sobre algumas técnicas que aplico. A conversa continuou nessas linhas. Eu: [...] a barba deixou meu rosto mais "quadrado". Como eu tenho um rosto fino, o resultado é agradável. BARBA: Haha. Você me ensinando sobre barba para mim, é como minha filha de 10 anos me ensinando a beber EU: Não sabia que sua filha bebia... BARBA: ¬¬ Marcel

Me sentindo no vazio do espaço Já vivi/convivi com tantos vazios na minha vida, não os aceito mais: amizades vazias, amores vagos, momentos descartáveis, passatempos sem sentido. Comentar no grupo do trabalho é certeza de ficar no vácuo, não canso de pensar nisso. E eu já me prometi algumas vezes não mais comentar nesse grupo. Ninguém parece muito interessado em ouvir minhas palavras, muito menos ler o que eu escrevo. E eu não preciso escrever onde não sou lido. Não preciso derramar meus pensamentos e opiniões para quem não dá a mínima por mim. Não preciso estar onde sou ignorado. Não preciso me mostrar inteligente, engraçado ou deslocado pra quem quer que seja. Eu estou indo muito bem com meu yoga, minha meditação, minha barba, meus diários reflexivos. Demorei 40 anos para entender que preciso ser apenas eu mesmo, descansar em mim, e estar em paz com a minha consciência... ...e nenhuma palavra mais Marcel

A morte é apenas uma breve despedida Ela foi uma grande amiga. E como grande amiga que foi, foi. E um belo dia nos afastamos. Casamos. Depois rimos, quando descobrimos, cada um no seu lugar, que casamos. Fomos muito confidentes. Conversávamos horas, ora bolas. Ela me apresentou uma nova religião, a religião do alto astral. Havia uma seriedade naqueles olhos e também muita pureza nos momentos que compartilhamos juntos. Lembro das muitas conversas que tivemos andando de ônibus, nos corredores da faculdade, no carro. Das risadas que demos juntos ao telefone e tantas outras situações. Lembro a última vez que te vi, você estava trabalhando concentrada em frente ao computador. Você não me viu. Guardei para comentar em algum momento depois - e esse depois nunca chegou. Fiquei sabendo dos seus dias doentes, e da sua passagem meses depois. Um colega me falou por acaso. Eu não quis acreditar. Foi um momento difícil. Quando chorei por você, a terra foi ingrata, as minhas lágrimas não secaram. Gua...

Não tenho, obrigado. Por favor não me ofereça um convite de amizade, não há como me encontrar. Tirou uma foto comigo? Lamento, não tem como me marcar. Também não tenho instagram para rolar o feed. Que tal conversar? Amanhã pretendo não usar o youtube ou qualquer outra rede, por um dia inteiro. Quero apenas me esquivar da publicidade, sair de qualquer ambiente que exergo tóxico com bundas, belezas e outras tantas inutilidades, úteis apenas para cliques. Nesse mundo atual (digital), me percebo mais sadio quando aprendo a, e aceito, me desconectar... Marcel

Era uma propaganda dessas na internet, na TV. Um grupo jovem bem variado entrava no novo carro da moda aos sorrisos com uma trilha sonoro envolvente. Subiam morros, desviavam de obstáculos, estacionavam próximos a cachoeiras, penhascos, acampavam ao lar livre. O tempo todo transparecem uma felicidade ilimitada. Irreal, alguns diriam. Passados alguns dias me lembrei de um antigo comercial de bebida. Homens, todos aparentando ter mais de 30 anos, estavam um local gelado, um ambiente ártico talvez. Pescavam no gelo e, acompanhando aquele momento de descontração, alguns brindes com a bebida ocupando o centro da cena que se desenrolava. Corto pro meu momento atual. A cena de uma série que comecei a assistir me chama a atenção. O rapaz (protagonista) sentado sozinho de um lado da estação do metrô observa duas pessoas que estão à sua frente: uma mãe que espera a próxima condução para casa com o filho. O menino encosta a cabeça nos ombros da mãe. Parece cochilar por alguns minutos enquanto amb...